quarta-feira, 24 de maio de 2006

Frases simples de quem tem fome

Olha, só nos dão auga, auga, auga… Nem um corquete nem um bolinho de bacalhau. Num percebo nada disto.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Da água para o vinho, cena II

O bolo…

Como a história ficou a meio e já com a curiosidade dos leitores um pouco aguçada aqui vai o resta dela.
Pois bem, para ela, a noiva, este talvez seja o momento mais aguardado do dia. Quer dizer, pensando bem, o momento mais aguardado talvez seja o de dizer o “Sim, aceito”… isto é, se realmente o estiver a dizer de livre e espontânea vontade. Mas isso agora são outros 500.
Vamos lá ao que interessa.
Então foi assim:
O bolo chegou já depois da hora de almoço e era… a modos que… não sei bem como classificá-lo, deixo à vossa consideração e aceito sugestões.


Esperou, esperou, esperou e finalmente lá chegou a hora de lhe colocarem as mãos em cima e começar a fazer dele um bolo de noiva. Sim, porque até aqui era um simples bolo com uma cobertura branca.
Havia então que começar a vestir o bolo pra que fosse ganhando a sua própria identidade.
Nada melhor então do que umas vides (pra quem não sabe são os ramos da videira) para começar.
Muito bem, já não faltava tudo. Agora era só começar a pensar sem dar muitas largas à imaginação… e se aquela cabeça o pensou, mais depressa aquelas mãos hábeis o fizeram.
Umas “fitas” (não sei o nome da planta mas todos a reconhecem) verdes em cima…
Na base, folhas de videira, margaridas e romãs, phisalys, algumas velas e pronto, agora sim, tínhamos um bolo de noiva prontinho pra entrar na sala e juntar-se à festa.
Diz quem sabe, e quem ouviu também, que as lágrimas corriam no rosto da noiva e ela quase se recusou a cortar o bolo que foi acompanhado com fogo de artifício.

Será que queria dormir com ele???
A mim não me pareceu. Mas… das duas, uma. Ou ela disfarçou muito bem ou foi para o hotel radiante de alegria com o seu marido.
Hmmm se calhar a felicidade toda foi por nos ter feito estar a trabalhar até quase às 6 da manhã. Mas é melhor não pensar nisso agora.



Tudo está bem, quando acaba bem!

domingo, 21 de maio de 2006

Da água para o vinho…

Mais um Sábado, mais um casamento e mais duas pessoas felizes. Ele por ter sido “enforcado” e ela por, finalmente, ter vestido um vestido branco (mas que não era branco) comprido lolol.
O dia começou como tantos outros ainda vão começar mas desta vez não havia sol e rezava-se a todos os santinhos e mais alguns para que não chovesse. As nossas rezas lá foram ouvidas pelo S. Pedro que acabou por nos fazer o jeitinho. Sim, porque ele não é como uns e outros que diz que “jeitos, fazia a minha avó ao meu avô” (M. Linda 2006) lololol
O trabalho começou bem cedo e desta vez não havia grande margem de manobra. Não fosse a família do nosso decorador a anfitriã da festa e estarmos todos a modos que com a cabeça a prémio porque nada podia falhar.
O trabalho processou-se como de todas a outras vezes, senhoras nas flores e homens na sala a pôr mesas (ainda falam na igualdade direitos…).

Blá, blá, blá, blá, blá, blá. Teca, teca, teca e…
Xarannnn tudo pronto e à espera dos “ditos cujos”. Não só nós mas também os morangos, as uvas, o melão, o presunto as amêijoas, a sapateira os grelhados etc etc etc.
Depois de muita espera lá apareceram eles cheios de lantejoulas e com roupas a combinar.
As pessoas, muitas delas, eram conhecidas daqui e dali e estávamos à vontade. Sem formalismos exagerados nem grande protocolo (ainda bem)…
Comeram até ficar ligeiramente satisfeitos e beberam de igual modo.
Eu e o meu comparsa de bar não tínhamos ocorrências a registar. Eram todos demasiadamente bem postos e não faziam grandes, nem pequenas, ondas pra não parecer mal…
Depois de mais de 1 hora de aperitivos e conversa vem a sessão fotográfica e seguidamente a entrada na sala de jantar.



O jantar decorreu normalmente. A ementa era muito soft (sim, porque esta malta não gosta de encher o “bandulho”), creme de abóbora com amêndoas tostadas, bacalhau com creme rosado de camarão, cabrito assado com uma alternativa de lombinhos de porco em vinho do porto e alecrim e por fim a sobremesa, gelado de nata com crepinete, frutos do bosque e phisalys.
Como podem ver foi bastante soft.
O serviço decorreu normalmente e continuava a não haver nada a registar.
Sempre de olhos postos nas nossas mesas ali estávamos pregados a olhar discretamente para os clientes. É um frete que nem vos digo nada…
Mas como até no melhor pano cai a nódoa, eis que ouço a barbaridade (weeeeeeeeeeee)

- “Com licença. Para o senhor é lombinhos blá blá blá (lá tive que dizer o nome todo do prato)
- “Sim, por favor”.
Depois de quase tudo servido lancei o meu isco lolol
- “Vai desejar um folhado com esparregado?”
Caiu que nem um patinho… ou distraiu-se lolol
- “Bote cá.”

Primeira pensamento que povoou a minha mente: a fineza do gajo afinal devem ter sido umas aulas intensivas de boas maneira à mesa e não lhe devem ter explicado que se responde sempre, ou que sim, ou obrigado lolol. Enfim…
Continua tudo a decorrer normalmente, todos estão muito satisfeitos e dão os parabéns por tudo.
As horas passam, passam, passam e a coisa não desenvolvia muito. O bolo de noiva estava pronto e à espera de entrar. Mas quê, estava tudo a dançar e na diversão a compor o estômago pró bolo…
Mas a partir daqui não vou contar mais. A história do bolo vai ficar pra próxima “posta” assim como o resto da festa…

(CONTINUA)

domingo, 14 de maio de 2006

O dia de ontem

O dia de ontem não fugiu à regra dos Sábados e lá fomos todos trabalhar. Às 9 da manhã a “caravana” estava formada e pronta para partir de Vila Real em direcção à Régua para mais um dia de trabalho.
E como o trabalho não nos assusta e até gostamos da convivência começámos a preparar tudo. Havia uma sala à nossa espera com 20 mesas para pôr e um armazém enorme também para receber os convivas.
Eram 250 e qualquer coisa bocas que, como nós imaginávamos, deviam vir cheias de fome!!!
Às 11 da manhã a cozinha estava já em velocidade cruzeiro e resto do pessoal já estava a dar os últimos retoques na sala de jantar.


5 da tarde e pum… cumpria-se pontualidade britânica e lá estavam eles, com calor, cheios de sede e principalmente com fome.
Venham eles! Disse o nosso “chefinho”.

E eis que se abrem as portas…
Estávamos muito ansiosos para ver os convivas e começar a apreciar os modelitos de alto a baixo lolol. E como pela aragem se vê quem vai na carruagem, o meu comparsa disse logo, “Vamos ter festa. E da rija!!!”. E se mais depressa o dizia, mais depressa ela começava.
Com universitários à mistura, depressa se começaram a gritar Vivas aos noivos.
Comeram praticamente tudo o que havia para comer e regaram bem as entradas com vinho verde e maduro…
Até aqui tudo normal, gente simples, de boa boca e bem disposta (até demais lolol).
Ainda não havia registo de bacuradas mas algo nos dizia que o dia ia ser fértil nesse domínio.
Até que… alguém se dirige a mim e ao me comparsa de bar e pergunta:

- “Ó chefe, ondé o jantar?”
- “Jantar? O jantar é isto. Aliás, é um lanche ajantarado…”
- “Ai. Mas isto não enche barriga.”
- “Estou a brincar consigo, o jantar vai ser lá em baixo, no salão.”
- “Ah. Assim está melhor. E bai-se de carro ou a pé?”
- “Vai-se a pé, é pertinho.”

O primeiro round já estava.
Agora só tínhamos que trocar de farda e prepararmo-nos para servir o jantar.

Às 19:30 começam as pessoas a entrar na sala de jantar e eu e o meu comparsa começámos a vislumbrar por baixo das calças dos senhores os vários “pés de gesso” (que horrorrrr).
Depois das pessoas sentadas é servida água a toda a gente para deixar os “buchos” (neste caso eram mesmo buchos) preparados para a sopa.
Lá fui de garrafa na mão em direcção à mesa servir água aos clientes. Depois do primeiro copo alguém me diz:

- “Ó amigo (reparem como de chefe se sobe à posição de amigo hein lolol), ÁGUA??? Nós temos sede mas não é disso.”

Continuei o meu serviço normalmente fazendo de conta que nem tinha ouvido. Mas o pensamento que me ocorria era “Agora vais amargar aí. O que tu queres sei eu bem”. (e não comecem a imaginar coisassss. O que ele queria era vinho.)

Sopa servida, loiça recolhida, um compasso de espera para não ser tudo de “enfiada” como nós costumamos dizer e aproxima-se a minha prima a pedir para ir servir vinho tinto ao senhor Y.

- “Vai ali à minha mesa e serve o vinho tinto ali àquele senhor de camisa azul.”
- “Está bem.” Disse-lhe eu
- “Mas explica-lhe o porquê do vinho não estar fresco.”
- “OK, ok.”

- “Foi o senhor que pediu vinho tinto?”
- “Fui, fui. Tá fresco?”
- “Não, por norma não temos vinho tinto fresco. Mas já tratamos disso e foi colocado na geleira.”
- “Ai o car***o… Quanto é quisso tem de grau?”
- “13,5.” Disse eu.
- “13.5 e quante? Tou fo***o… bote cá meio copo…”
- “Com certeza.”

O resto do jantar desenrolou-se a bom ritmo. As pessoas eram de bastante sustento e se estivessem de boca cheia poupavam-nos muito, mas muito mesmo os ouvidos.
Como devem imaginar, muitas mais haveria para contar mas depois isto torna-se muito chato de ler…
Deixo só uma nota de reportagem. Comeram, beberam, dançaram e outras coisas mais e só desampararam a loja às 5:30 da manhã…

domingo, 7 de maio de 2006

Talheres Parte – II

Ainda não consegui perceber o porquê da faca de peixe suscitar tantas dúvidas e interrogações quanto à sua forma e utilidade.
Continuando numa de nós no cérebro por causa da parafernália de talheres que se colocam nas mesas, aqui vão algumas que, de vez em quando, ouvimos enquanto estamos a servir.

- “Olha, olha, esta me***a parece uma colher da massa*!”
- “Esta porra dava-me jeito lá em casa pra chave de parafusos…”
- “Esta faca não corta mãe! Cala-te se não levas já na cara.”
* “Colher da massa” – leia-se como pá de cimento.

Por incrível que possa parecer estas são algumas das citações verídicas que já ouvimos nos nossos serviços.
Talvez valha a pena debruçar-me mais sobre este assunto para tentar perceber os porquê de tantas baboseiras ou será que devo aconselhar as pessoas a ler um livro da Sô Dona Paula Bobone? lolol

sábado, 6 de maio de 2006

Talheres Parte - I


Bem, como sabem num casamento ou noutro tipo de evento que exija algum protocolo as mesas estão sempre repletas de não sei quantos copos e outro tanto número de talheres.
Acreditem que para algumas pessoas ter 8 talheres à volta de um prato significa um nó no cérebro que pode provocar diversos embaraços!!!
E não é que provoca mesmo?!
Senhora X depois de lhe ter sido servido o prato de peixe:
- O senhor desculpe, importa-se de me dizer o que é isto?
Ao que eu muito prontamente respondi:
- É bacalhau com creme rosado de camarão.
Volta-se ela muito depressa:
- Não, não é o nome do prato que eu estou a perguntar. É para que serve esta “espátulazinha”?!
Com muito esforço lá contive o riso e respondi:
- É a faca de peixe minha senhora.

Agradecimentos

Antes de começar aqui a postar umas coisitas não posso deixar de agradecer a colaboração do TZ e do BigZ nas artes gráficas.
Aos dois, muito obrigado :)

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Posta Inaugural

Como é do conhecimento de alguns, o meu “passatempo” preferido aos Sábados, e às vezes aos Domingos, é transformar-me em empregado de mesa e servir casamentos… e não só!
Já são alguns anos nestas andanças e já há bastantes histórias para contar dos serviços que se fizeram.
Aqui vão poder ver o que de melhor se faz (modéstia à parte como é evidente) por terras Transmontanas, desde os preparativos até ao “chegar, sentar e comer”…
Serão servidas várias iguarias confeccionadas por uma senhora que, carinhosamente é comparada à Padeira de Aljubarrota (vá-se lá saber porquê!) e também por toda a equipa que a acompanha.
Espero que seja do vosso agrado!